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Sudão e Sudão do Sul, conflitos e independência

  • Pedro Ivo Wanderley
  • 28 de out. de 2015
  • 2 min de leitura

​*obs: SPLM/A significa Movimento de Libertação do Povo do Sudão

Sudão do Sul, que desde a sua independência em 2011 é um país que tem um dos piores índices de qualidade de vida do mundo, já passou por dois conflitos etnicos que limitaram a sua capacidade de desenvolvimento econômico.As disputas com o Sudão por petroleo levaram o Sudão do Sul a interromper sua produção, levando a graves crises economicas. O conflito entre o presidente e o ex-vice presidente partiu para um conflito entre as duas maiores etnias do país, Dinka e Nuer. O processo de independência do Sudão do Sul foi uma consequência, além da guerra civil sudanesa de praticamente cinquenta anos (1956-2005), da política estadunidense para a região. Com o objetivo de diminuir o controle dos poços petrolíferos sudaneses por parte dos chineses, estabelecido nos anos 1990, e, em contrapartida, aumentar o seu, os EUA articulam o processo de independência do Sudão do Sul, que colocaria nas mãos de um país com graves problemas políticos, econômicos e de infraestrutura 75% das reservas de petróleo que anteriormente pertenciam ao Sudão. O principal instrumento para alcançar esse objetivo foi o Acordo Compreensivo de Paz (ACP) de 2005, o qual encerrou a guerra civil e determinou a execução de um referendo no Sudão do Sul em 2011. O ACP formalizou uma divisão de poder entre o Partido do Congresso Nacional, partido do líder sudanês al-Bashir, e pelo SPLM/A, colocando enorme poder político em um movimento – e não em um partido – com grandes rixas internas, o que aumenta a probabilidade de conflitos no futuro Sudão do Sul independente. Com a independência do país, foi articulado um acordo de divisão de poder entre os diversos líderes do SPLM/A, mas, devido à concentração de poder no Executivo e a gradual aproximação das eleições em 2015, este acordo foi se deteriorando. Entre 2011 e 2013, a aliança entre Salva Kiir e Riek Marchar foi fundamental para a estabilidade política do país devido à histórica disputa entre Marchar, o mais influente Nuer, e Kiir, um Dinka, etnia fundamental para a sustentação do SPLM/A. Os últimos acontecimentos referentes ao conflito chocaram pela violência: massacres em estados ocupados pelo movimento de oposição, ataques de populações Dinka a campos de refugiados com predominância da etnia Nuer, ofensiva dos dois lados beligerantes às alocações da missão da ONU para a região, a UNMISS. Enquanto permanecer a guerra civil, a produção petrolífera estará comprometida – acarretando prejuízos não só para o Sudão e para o Sudão do Sul, mas também para a China – e os já limitados recursos do país se restringirão ao fortalecimento das Forças Armadas, deixando de lado o tão necessário desenvolvimento econômico. Enxergando um lado positivo da situação, esse conflito é uma oportunidade para os países africanos mostrarem a força de seus blocos regionais e resolverem os seus conflitos sem ingerências externas. A atuação do IGAD, nesse sentido, pode ser decisiva, visto que é importante não só para o Sudão, mas também para os países vizinhos a estabilidade regional para o desenvolvimento de suas sociedades.

 
 
 

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